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série
antes que acabe em tinta branca
2015-2018

   Meio-começo, meio-fim. Uma série que fala de processo.

   Pedaços, remendos, marcações, resquícios de demolições, buracos, parafusos, anotações de trabalhadores da construção civil, fios, lixo, material acumulado, marcas de reformas anteriores, marcas que prenunciam ações futuras.

   Entre a primeira marretada de uma demolição e a última pincelada de tinta branca numa parede, entre o inacabado e o que se aceita como acabado, entre o que se apresenta como começo e o que se espera de um fim, aparecem e desaparecem inimagináveis elementos, técnicos ou banais, permanentes ou efêmeros, que se diluem ou se transformam ao longo dos processos de construção, reforma e até mesmo através das ações antrópicas ou naturais ao longo do seu tempo de uso.

   A série compõe-se de fotografias de várias obras de construção civil ou reforma  que coleto há alguns anos. Começou como tarefa técnica da atividade de arquiteto, passou a ser visita curiosa em obras alheias, mas logo se insinuou como pesquisa sobre este tema que me interessa muito em vários tipos de atividades, seja na fotografia, no desenho, no projeto: o processo.

   Em diversas atividades, o processo é uma fração tão importante quanto o objeto finalizado, ou o que se entende e aceita como finalizado, seja esse objeto algo físico (uma escultura, um prédio, um talher ou um livro), seja um pensamento, uma ideia, que ficamos processando individualmente ou discutindo com outras pessoas.

   É o processo que guarda no seu histórico as ferramentas e as referências usadas, o caminho percorrido, resquícios de memórias e de outros processos. Neste sentido, esta série registra o processo antes que acabe em tinta branca.

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